FERNANDO CALHAU (1948-2002)
Sonhar com uma pintura. Visualizar (em sonho), e com o mais apurado detalhe, as suas características formais. Registá-la em esquema, por via do desenho. Projectá-la com o recurso à memória. Respeitar as marcações. Seguir o plano traçado. Executar. Saber exactamente, e sempre, o lugar que ela poderia ocupar. Desenhar todos os dias. A preto e branco. Procurar adicionar ainda mais negro ao negro. Adivinhar a noite e persegui-la arduamente. Ver Arte. Saber ver. Descodificar a Pintura. Procurar inscrever-se na sua história. Rir muito, quase todos os dias. Sobretudo de si.
Eis uma figura de carácter discreto e aprumo cerebral, de contornos assumidamente contraditórios, que na memória de alguns ficou, até à data, como o mais interessante artista português contemporâneo.
O moço artista2
Lisboa, final dos anos 60. Fernando Calhau inicia os seus estudos superiores de Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Aí conhece alguns dos que viriam a ser os seus amigos mais próximos, a quem começa por impressionar com uma invulgar curiosidade visual e um, à época, elevado know how técnico. Luís Serpa, seu colega no primeiro ano, recorda que "ele vinha já como O ARTISTA, e não como o aprendiz de artista."
De facto, Fernando Calhau, por influência directa do pai (designer gráfico), havia iniciado, algum tempo antes, as suas investigações visuais e técnicas ao nível da gravura, na Cooperativa Gravura em Lisboa. É aí que começa a desenvolver as coordenadas que viriam a definir o corpo matricial do seu trabalho: a questão da serialidade, do apagamento cromático, da reprodutibilidade mecânica amplamente devedora de uma execução necessariamente manual, da decomposição espácio-temporal através da reprodução fotográfica, sempre aliadas a um prazer implícito no fazer e no tempo de duração desse fazer.
Aos excessos próprios da época vem juntar-se uma curiosidade natural pela descoberta de novos estímulos visuais. Julião Sarmento, aponta que "no fundo, foi o pai do Calhau que nos mostrou que existia a Arte Americana, porque tinha as revistas de design e de vez em quando apareciam umas coisas do Andy Warhol, e nós aí começámos a juntar dois e dois (...) e começámos a ir à Embaixada Americana onde passávamos tardes a ver a Art in America e a Artforum.".
A precocidade é portanto, no percurso de Fernando Calhau, uma tónica. É nestes anos, e ainda enquanto estudante, que realiza as suas primeiras exposições individuais: "Gravuras Brancas" na Galeria Gravura, Lisboa (1968); "Pintura", na Galeria Quadrante, Lisboa (1970), "Pintura", na Galeria Judite da Cruz, Lisboa (1972) e "Desenhos" na Galeria de Arte Moderna, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa (1973), valendo-lhe o reconhecimento generalizado e unânime dos mais distintos quadrantes da crítica nacional. Segundo Delfim Sardo: "o Ernesto de Sousa e o José Augusto França, o Rui Mário Gonçalves, o Fernando Pernes, o próprio Fernando Azevedo. Todos eles tinham um apreço enorme pela obra do Calhau, curiosamente. (...) provavelmente a obra do Calhau reunia características que agradavam a ambos, por motivos diversos."
Também do mercado não se podia queixar Fernando Calhau: "Antes do 25 de Abril houve um mercado muito forte. Tão forte que eu chegava a vender quadros em exposições de outros artistas a que ia. Havia pessoas que quase me impingiam os cheques para comprarem quadros."
A sua pintura, de recursos mínimos, em que a opção por uma forma definida (o quadrado, maioritariamente) e a redução da paleta a gradações tonais entre branco e negro, parecia ir ao encontro de um público de gosto moderno e com clara consciência do elevado potencial de valorização da arte moderna. E acrescenta Delfim Sardo: "o Calhau (...) depois de fazer a exposição na Sociedade Nacional de Belas Artes, saiu da exposição, no primeiro dia, e foi comprar um Mini, que era um carro caro na altura!".
No ano de 1973 coincidem o final do curso de Pintura (após a conclusão da série de pinturas verdes que o tinham levado ao que apontava, para si, como o esgotamento da pintura) e a atribuição, pela Fundação Calouste Gulbenkian, de uma bolsa para a frequência de estudos de pós-graduação na Slade School of Fine Art em Londres, que visaria o aprofundar dos estudos de gravura com Bartolomeu Cid dos Santos, onde permanecerá até 1975. Uma célebre fotografia do grupo de alunos e professores da Slade School, onde se destacam Fernando Calhau e Bartolomeu Cid dos Santos empunhando um cartaz onde se lê "Army Revolt in Portugal", documenta a forma como em 1974, e à distância, era vivido o facto da Revolução.
Regressado a Portugal em 1975, apresenta, numa exposição na Fundação Calouste Gulbenkian o resultado do trabalho realizado em Londres: um conjunto de obras que resultam da combinação de diversas técnicas de gravura, entre elas a foto-gravura e o ozalide, e em que o interesse pelas relações entre espaço e tempo, entre o olhar, o ponto de vista e o tempo da duração desse olhar, no fundo questões de percepção, se manifestam agora como a tónica dominante da sua investigação. É também nesta fase, e ainda durante a estadia em Londres, que começa a usar o filme Super 8 como mais uma ferramenta para a investigação que perseguia. O plano fixo, a duração do olhar determinada pela exacta duração das bobines, o ponto de vista que recusa o jogo hierárquico da paisagem, ou, numa obra um pouco atípica mas muito sintomática ("Destruição", 1975), a anulação total do lugar e da figura do autor através da imagem metafórica da marca da mão que é apagada justamente por uma marca produzida por essa mão, dando origem a uma imagem monocromática de um negro total, que cintila bruscamente no ecrã até acabar a bobine. Em 1976 escrevia Ernesto de Sousa: "Nos últimos tempos, as experiências de Calhau inflectem-se no sentido de uma inquietação conceptual, com utilização da imagem neutra e referências ao-gesto-que-aponta. (...) O vazio e a indiferença (neutralidade) de Calhau inscrever-se-iam numa vasta operação (...) cujo fim parabólico é fazer ver e escutar."
Não podemos deixar de estar de acordo com Ernesto de Sousa neste ponto, e é justamente aqui que reside parte do nosso interesse pela obra deste autor. De facto, Fernando Calhau procurou, nestas obras, como já nas gravuras brancas ou nas pinturas monocromáticas anteriores, atrasar, ou melhor, abrandar o ritmo do olhar, do seu olhar e, necessariamente, o do nosso. São obras exigentes, que, implicando um longo tempo de permanência, requerem do espectador qualidades de observação que vão para além da análise estética.
Um emprego
Com a crise petrolífera de 1973, verificou-se em Portugal uma retracção no mercado que veio a acentuar-se significativamente, no ano seguinte, com o 25 de Abril. Fernando Calhau, ausente em Londres durante este período, encontra na chegada a Lisboa, e ao contrário do que acontecera até aí, sérias dificuldades em veicular a circulação comercial do seu trabalho.
Em 1976 recebe um convite para integrar a equipa da Secretaria de Estado da Cultura (sendo, à época, director geral Eduardo Prado Coelho e secretário de estado David Mourão Ferreira). Encontra aí um terreno livre para trabalhar numa outra área que lhe trazia muita satisfação: a concepção e organização de exposições. Diz: "comecei a tentar fazer alguma coisa - mais exactamente a tentar preparar a Lis, que era uma exposição internacional de desenho, mas que pretendia, mais tarde, passar a bienal de Lisboa." Projecto entusiasmante, absolutamente pertinente, mas simultaneamente devastador (com o incêndio ocorrido em 1981, que destruiu todo o espaço da Galeria Nacional de Belém, todo o espólio e equipamento aí existentes e todas as obras já seleccionadas para a segunda Lis).
Os projectos foram-se somando mas, diz ainda: "depois, foi-se de situações de verificação de impossibilidade em verificação de impossibilidade. (...) Começou a ver-se que a Cultura era mesmo um penacho no chapéu do governo e que não valia a pena."
Vai, apesar de tudo, consolidando a sua carreira na Secretaria de Estado até ser convidado, em 1996 para dirigir o, recentemente criado, Instituto de Arte Contemporânea, que é, em grande medida, um projecto seu e que surge da necessidade de criação de uma estrutura ligeira, desburocratizada e relativamente autónoma que veiculasse, por um lado, o apoio à criação (através do apoio directo aos criadores ou à produção de exposições) e, por outro, o apoio à divulgação e à criação de públicos (através de programas de internacionalização e de descentralização).
A sua carreira institucional termina em 2001, ao fim de 25 anos, em que grande parte do seu tempo criativo foi sendo partilhado com o tempo criativo de outros, mas em que, embora com dúvidas, persistiu em nunca cessar definitivamente a sua actividade artística, tendo, apesar de tudo, tido períodos de grande abrandamento criativo.
Na sua obra trabalhava sobretudo à noite, no seu atelier, em casa.
A cápsula da noite
É na sequência das suas investigações sobre o espaço e o tempo que surge em 1978 uma nova série de trabalhos, ainda de tipologia fotográfica mas com contornos bastante distintos, os "Night Works". É aqui introduzida, pela primeira vez, uma dimensão de envolvência global, de súmula espácio-temporal produzida a partir de longas exposições nocturnas que anulam o horizonte e a presença das formas para conferirem às imagens apenas duas dimensões de contraste (o branco e o negro). A estas eram somadas imagens monocromáticas negras ou azuis e, em alguns casos, e também pela primeira vez, palavras em néon (ou melhor, em árgon, que Calhau considerava possuir uma intensidade lumínica e cromática muito próximas do luar).
Estas imagens servem agora uma ideia que ultrapassa a dimensão conceptual para se inscrever, pela primeira vez no seu percurso, num território de contornos assumidamente simbólicos, abrindo-o a uma esfera romântica. Segundo Delfim Sardo: "Umas vezes romântica, outras vezes até mais, até gótica. E isso tinha a ver com o lado sombrio da personalidade dele. Não tenho qualquer dúvida." Para Julião Sarmento: "Não eram bem poéticos, eram mais desesperados do que poéticos ... (...) isso vem da solidão do Calhau (até porque estas coisas não nascem por acaso) e da maneira como a vida dele se estruturava e como ele a via esboroar-se, e no poço de contradições que existia dentro dele, que era se por um lado tinha a perfeita noção e a vontade imperativa de ser um artista extraordinário, por outro lado ... ".
Os "Night Works" abrem assim um território novo de possibilidades, que dão origem, já nos anos 80, por um lado a uma nova série de pinturas monocromáticas configuradas (shaped canvases), e por outro à utilização das palavras em árgon associadas agora a enormes placas de ferro que aparecem como resposta a uma espécie de fascínio sensorial pelo peso e pela ideia espacial de peso.
Fernando Calhau era dotado de uma capacidade extraordinária para observar, para ver as coisas e simultaneamente o lugar das coisas, era exímio na forma de ver arte e era também exímio na forma de instalar obras de arte. "(...) há pessoas assim, que ouvem compulsivamente, por entre o silêncio e os pequenos ruídos, outras vêem compulsivamente. Fazem analogias visuais a velocidades estonteantes, à velocidade de uma inteligência muito rápida, como se fossem sensíveis a um eco visual das coisas que são, normalmente só coisas."3
Olhamos para estas obras e percebemos isso imediatamente. São aquilo que são e ainda o lugar onde estão. Vivem num constante namoro com a arquitectura, com o espaço interior, definido e confinado. É como se transportassem sempre, em si, essa definição do lugar onde pertencem e isso deve-se, em nosso entender, justamente à forma como Fernando Calhau praticava e exercitava uma espécie de compulsão pela suspensão do instante, do tempo e pela suspensão do espaço, como que em resposta a uma necessidade de controlo tenso desse mesmo espaço.
O imperativo da Pintura
Fernando Calhau não tinha, no entanto, de si a imagem de um Artista, em sentido lato. Dizia-se assumidamente um Pintor. Na opinião de Delfim Sardo: "o Calhau olhava sempre para o seu trabalho como um trabalho que se situava sempre na tradição da Pintura. Era daí que ele vinha. E portanto, o trabalho dele era um prolongamento dos problemas da prática da pintura tal como ela vinha desde o Renascimento."
Era, de facto na tradição da Pintura que Calhau pretendia inscrever-se mas quando usava a pintura, usava-a seguindo a metodologia comum ao trabalho com outros media: projectava-a (normalmente através de um desenho esquemático preparatório) e depois executava-a, simplesmente. À secura deste processo era aliada uma ferramenta operativa de avaliação que definia, uma vez a pintura pronta, se funcionava ou não funcionava, isto é, se cumpria os requisitos iniciais que presidiram à sua projecção como pintura.
Em 1995, numa exposição a duo com Michael Biberstein na Galeria Porta 33 e na Fortaleza de S. Tiago, no Funchal, com o título "Paint it Black", Fernando Calhau apresenta pela primeira vez uma série de pinturas que se podem inscrever num outro compartimento da tradição da Pintura. São pinturas de "pergunta/ resposta", isto é, são pinturas que não respeitam um projecto prévio, e que se vão construindo sobre a tela à medida que vão surgindo questões e decisões para tomar. Confrontado com esta alteração Calhau refere: "mas agora é muito mais divertido, porque tenho muitos mais aspectos a requerer atenção. Não estou a construir uma superfície, estou a construir outra coisa, a tomar dimensão, porque a luz aparece de vários pontos da pintura e torna-se totalmente irrelevante. Nunca sei como vai terminar, como se vai desenvolver. Portanto, tenho que julgar em cada momento, fazendo. E isso é divertido."
São também pinturas que voltam a aproximar-se muito de uma estética romântica, em que o negro assume a sua qualidade simbólica de desconhecido e se desdobra em valores tonais ligeiramente mais claros conferindo-lhes nuances muito atmosféricas e, de certo modo, até paisagísticas. Não são representações, mas são evocações. Voltam a transportar consigo uma memória da noite.
Numa série de outras pinturas apresentadas numa exposição na Galeria Cristina Guerra Contemporary Art, em 2001, Fernando Calhau volta a perseguir estas questões. Mas aqui, recorrendo exclusivamente ao formato quadrado, coloca em confronto, de uma forma muito evidente, duas questões fundamentais na sua prática: uma tradição minimalista de execução industrial (que rejeita a manualidade) em oposição justamente à proficiência e ao rigor manual próprios do seu fazer. Tudo, na observação destas pinturas, é descoberta. Quanto mais detalhe conseguimos discernir, mais necessidade temos de investir na observação desse detalhe.
No texto publicado, a este propósito, no catálogo, João Miguel Fernandes Jorge afirma que "Uma tempestade esconde sempre a alma dessa tempestade." São, de facto obras duras, de uma enorme secura, mas que, à semelhança da tempestade de que fala João Miguel Fernandes Jorge, encerram justamente em si, em cada detalhe, a alma que lhes preside.
A constância do Desenho
Num texto escrito por Rui Chafes, a propósito de um ciclo de mesas redondas programadas por Nuno Faria no âmbito da exposição que comissariou para o CAMJAP - Fundação Calouste Gulbenkian, em 2006, e colocando-se no ponto de vista de um artista que observa e analisa a obra de um outro artista, diz Rui Chafes: "Para mim, a ideia de desenho parte de um local, do nosso ponto de partida: 'ser é estar num ponto'."
O desenho aparece na obra de Fernando Calhau como uma espécie de respiração, de impulso respiratório ritmado, ora cambiante ora repetitivo. Atravessa todo o seu percurso e tem um lugar maior no corpo da totalidade da sua produção. Ora é verbo, ora substantivo ... ora é chão preparatório para a edificação da obra, ora é a obra ela mesma.
No espólio pertencente à Colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian encontram-se desenhos datados entre 1965 e 2002 (precisamente o período de tempo que baliza aquilo que consideramos, no caso de Fernando Calhau, como carreira). Através destas obras pode confirmar-se, por um lado, o muitíssimo dotado desenhador que Calhau foi e o quanto a disciplina se constituía para si como ferramenta operativa de pensamento, e por outro, o enorme espaço de liberdade que ocupou no seu percurso, uma vez que encontramos ali também inúmeros registos soltos, desgarrados, próximos de exercícios de treino de mão, que nos inquietam porque acrescentam uma dimensão de intimidade à qual provavelmente não precisaríamos de ter acesso.
Também o seu desenho pensa a Pintura, ou é também através dele que Calhau pensa a Pintura. Segundo Vítor da Silva "fala-nos da memória da pintura, da sua possibilidade e do seu esquecimento, e sobretudo da sua exigência e 'sobrevivência'.". Mas é também retórico e auto-reflexivo na medida em que, ao contrário da Pintura que ilude o espectador, este se mostra tal como é, se desvela e denuncia os processos inerentes à sua própria construção. Entrevem-se-lhe as camadas, a sobreposição de linhas, a sequência e orientação dos traçados mas sobretudo, o tempo da sua execução.
O maior de todos os imperativos
"Trabalhei um ano e meio no atelier de quem tinha seis meses de vida para viver a sua obra: o tempo, a vida, o limite da matéria, o preto com todas as suas nuances... Uma obra grave de uma pessoa dotada de um humor feroz capaz de perturbar a sensibilidade dos mais pudicos." escreve Diogo Pimentão em resposta a um desafio que lhe lançámos no decorrer da preparação deste artigo e que em muito nos ajudou a concluir que, no cumprimento do seu desígnio lento, faltou a Fernando Calhau, sobretudo, tempo. Mas que mesmo sem conseguir cumprir na totalidade o seu plano, nunca se afastou de um programa ético, a todos os títulos recomendável:
"A coerência conceptual, que não haja desvios aos princípios com que me tenho orientado, ao meu programa - que as pinturas tenham uma continuidade, que funcionem face a um espectador, que façam sentido dentro da série, que não sejam a mais, que reafirmem o que lhes está para trás. (...) há algumas coisas que para mim são importantes. A coerência é importante, embora não seja, hoje em dia, muito valorizada. A lucidez é muito importante. Não se perder de vista, ser capaz de analisar. A honestidade de trabalho é fundamental - não suporto a desonestidade criativa. Estes são os princípios que me interessam. (...) Estou preso a uma geração que tinha os pés na terra. Preso à coerência. (...) Trabalhamos todos para uma imanência, para um cruzamento que há-de acontecer. (...) É preciso trabalhar sempre sem nada na manga e sempre sem rede."
Embora lhe tivéssemos seguido bem de perto o percurso, não chegámos a conhecer Fernando Calhau, mas gostávamos de o ter conhecido.
Ana Anacleto
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1 Processo inventado no século XVII por Ludwig Van Siegen também conhecido como método de reprodução, que permitia a cópia fiel dos valores da pintura original. Tendo caído em desuso devido à proliferação de outras técnicas, foi retomada por inúmeros artistas contemporâneos que apreciavam o seu carácter rigoroso e moroso mas extremamente rico em termos de nuances e valores. (...) Maneira negra é, tal como o nome indica, uma gravura que parte do negro, passando por todos os valores até ao branco. O princípio da sua técnica consiste em provocar sobre o cofre uma espécie de rede fina e compacta, comportada por pequenos pontos ou furos, de maneira tal, que fazendo uma prova de uma chapa assim tratada, essa prova será negra. O caminho até ao branco implica um longo e demorado processo.
Jorge, Alice / Gabriel, Maria, in Técnicas de Gravura Artística - Colecção Estudos de Arte, Livros Horizonte, Lisboa, 1986, pp. 56-57
2 França, José Augusto, "Fernando Calhau", in Colóquio Artes, s.2, a.15, nº13, Lisboa, Junho 1973, p.11
3 Sardo, Delfim, "Fernando Calhau. A Polaroid", in suplemento do jornal Público de homenagem a Fernando Calhau, Julho 2002
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AGRADECIMENTOS:
Bruno Marchand
Delfim Sardo
Diogo Pimentão
Luís Serpa
Nuno Faria
Michael Biberstein
Isabel Carlos
e muito especialmente a:
Julião Sarmento
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IMAGENS:

Alves, Clara Ferreira e Calhau, Fernando
Passageiro Assediado, Assírio & Alvim, Lisboa, 2001
Caldas, Manuel Castro
"O Quadro e a Moldura [notas sobre Fernando Calhau]" in Convocação: Leituras, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2007, pp. 25-30
Calhau, Fernando
in Fernando Calhau, Museu Nogueira da Silva - Universidade do Minho, Braga, Fevereiro 1997, p.1
Chafes, Rui
"Ser é estar num ponto" in Convocação: Leituras, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2007, pp. 31-35
de Sousa, Ernesto
in Fernando Calhau, Fundação Calouste Gulbenkian - Galeria de Exposições Temporárias, Lisboa, Agosto 1975, pp.3-4
de Sousa, Ernesto
"Fernando Calhau e o vazio como angústia", in Colóquio Artes, s.2, a.18, nº27, Lisboa, Abril 1976, pp. 31-39
de Sousa, Ernesto
in Alternativa Zero: tendências polémicas da arte portuguesa contemporânea, Secretaria de Estado da Cultura, Lisboa, 1977
Faria, Nuno
"Fernando Calhau: desenho, modo de usar" in Fernando Calhau: desenho 1965 - 2002, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães / Assírio & Alvim, Lisboa, 2007, pp. 7-13, p.17, p.69, p.97
Faria, Nuno
"Fernando Calhau: Dessin", in Fernando Calhau: Dessin, Centre Culturel Calouste Gulbenkian, Paris, Março 2005, pp.7-11
Faria, Nuno
in Convocação I e II (Modo Menor e Modo Maior). Obras no Acervo do CAMJAP, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2006, pp. 10-13, p.17, 21, 31, 97, 121, 129, 135, 139, 157, 177, 193, 207, 221, 233, 253, 259
Faria, Nuno
"Teoria das Excepções [da escuta]" in Convocação: Leituras, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2007, pp. 93-96
Fernandes, João (coord.)
Perspectiva: Alternativa Zero, Fundação de Serralves, Porto, 1997
França, José-Augusto
"Fernando Calhau", in Colóquio Artes, s.2, a.15, nº13, Lisboa, Junho 1973, pp.11-13
França, José-Augusto
in Quadrum Galeria de Arte: exposição de artistas modernos portugueses, Galeria Quadrum, Lisboa, 1973, pp. 5-6
Gonçalves, Rui Mário
in Onze jovens pintores portugueses, Instituto Alemão de Lisboa, Lisboa, 1984, pp. 1-4
Guerra, Pedro
"Fernando Calhau. O regresso à normalidade" in Arte Ibérica, nº21, Ano 3, Lisboa, Fevereiro 1999, pp.12-13
Jorge, Alice e Gabriel, Maria
"Maneira negra" in Técnicas de gravura artística: xilogravura, linóleo, calcografia, litografia, Livros Horizonte, Lisboa, 1986, pp. 56-57
Jorge, João Miguel Fernandes
"Fernando Calhau" in Abstract & Tartarugas, Relógio d'Água, Lisboa, 1995, pp.192 - 194
Jorge, João Miguel Fernandes
"Fernando Calhau" in Abstract & Tartarugas, Relógio d'Água, Lisboa, 1995, pp.352 - 354
Jorge, João Miguel Fernandes
in Fernando Calhau, 00.01, Galeria Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa, 2001, pp. 7-10
Jorge, João Miguel Fernandes
"Um passo no escuro" in Rui Chafes, Fernando Calhau: um passo no escuro, Museu da Cidade - Pavilhão Branco, Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa, 2002, pp. 13-27
Jorge, João Miguel Fernandes Jorge
"Convocação I e II. A propósito da arte de Fernando Calhau" in Convocação: Leituras, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2007, pp. 63-69
Maia, Tomás
"O Gesto da Arte [O segredo do artista, 2]" in Convocação: Leituras, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2007, pp. 71-91
Michaud, Philippe-Alain
"Quase Monocromo" in Convocação: Leituras, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2007, pp. 37-46
Molder, Jorge
in Convocação I e II (Modo Menor e Modo Maior). Obras no Acervo do CAMJAP, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2006, pp. 7-9
Molder, Jorge
"Abertura" in Convocação: Leituras, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2007, pp.7-8
Molder, Jorge
in Work in progress, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2001, p.23
Nazaré, Leonor
"Fernando Calhau" in Transfert - Galeria Lino António (Escola António Arroio), Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2007, pp. 1-2
Neves, Joana
"Fernando Calhau: pinturas e desenhos" in Arte Ibérica A.5, nº46, Lisboa, Maio 2001, pp.14-18
Pernes, Fernando
in A fotografia como arte, a arte como fotografia, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1979, pp. 10-11
Pinharanda, João
"Uma obra ao negro", in Público, Ano XIII, nº4467, Lisboa, 13 Junho 2002, pp.40-41
Pomar, Alexandre
"Fernando Calhau. Não há lugar para desperdícios", in Expresso (Revista), Lisboa, 7 Dezembro 1996, pp.98-103
Rato, Vanessa
"Todos os pintores contam a mesma história durante toda a vida", in Público, Lisboa, 21 Outubro 2001, pp.38-39
Santos, Armando Vieira
in Calhau, Galeria Gravura, Lisboa, 1968, p.1
Sardo, Delfim
"Fernando Calhau" in Artes & Leilões, A.4, nº16, Lisboa, Set-Out 1992, pp.63-65
Sardo, Delfim
"A Razão Sensível", in Calhau: Desenhos, Galeria Coluna, Braga, Novembro 1991, pp. 1-2
Sardo, Delfim / Biberstein, Michael / Calhau, Fernando
in Paint it Black: Calhau / Biberstein, Galeria Porta 33, Funchal, Madeira, 1995, pp. 7-12
Sardo, Delfim
"O mapa da noite é como o mapa do mar. Tópicos sobre o trabalho de Fernando Calhau a propósito desta exposição" inWork in progress, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2001, pp. 26-30
Sardo, Delfim / Calhau, Fernando
"Sem rede. Uma conversa com Fernando Calhau, em quatro noites de Fevereiro de 2001" in Work in progress, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2001, pp. 49-237
Sardo, Delfim
"Fernando Calhau. A Polaroid", in suplemento do jornal Público de homenagem a Fernando Calhau, Julho 2002
Sardo, Delfim
"A pequena noite. 5 propostas para olhar a obra de Fernando Calhau" in Convocação: Leituras, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2007, pp. 49-62
Silva, Vítor da
"ET SIC IN INFINITUM. O desenho de Fernando Calhau" in Convocação: Leituras, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2007, pp. 11-23
Vidal, Carlos
"Fernando Calhau" in Sinais, Galeria Pedro Oliveira/ Roma e Pavia, Porto, Junho 1990, pp.3-5
von Drathen, Doris
"Cicatrizes na sombra" in Work in progress, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2001, pp. 36-41
"Calhau rosa", in O Independente, Lisboa, 19 Abril 1996, p.57
Calhau, Galeria Judite da Cruz, Lisboa, 1972
Fernando Calhau, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1980 (obra publicada por ocasião da exposição no âmbito da 11ªBienal de Paris, 1980)
Modulo: a new selection, Modulo - Centro difusor de arte, Porto, 1977 (obra publicada no âmbito da Cologne Art Fair, em Colónia, Alemanha, 1977)
Abstracção hoje, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa, 1975
O desejo do desenho, Casa da Cerca - Câmara Municipal de Almada, Câmara Municipal de Almada, Almada, 1995
Sinfonia em branco: pintura, escultura, fotografia, Convento dos Capuchos, Almada, 1986